APRESENTAÇÃO
Trata-se de evento anual de cunho
espiritual e religioso, ligado à Igreja Católica Apostólica Romana, que busca
manter as raízes culturais do cristianismo, através do secular ato de caminhar
em romaria, movido unicamente pela fé, em seus mais diversos aspectos.
Tem particular importância cultural, tanto para Jundiaí
quanto para os municípios adjacentes, já que muitos participantes assíduos vêm
de outras cidades e, eventualmente, outros Estados, alguns dos quais afluindo a
Jundiaí apenas para este evento, que já há décadas integra o calendário oficial
das Paróquias Nossa Senhora da Conceição, em Jundiaí, e Senhor Bom Jesus, em
Pirapora do Bom Jesus.
Realiza-se no segundo final de semana do mês de maio,
iniciando-se às 22:00h. da sexta-feira e encerrando-se às 17:00h. do domingo,
dia em que também se comemora o “Dia das Mães”.
Dele participam pessoas do sexo masculino, sem restrição de
idade, que se dispõe a caminhar, em romaria, da igreja Nossa Senhora da
Conceição, em Vila Arens, na cidade de Jundiaí, até o Santuário do Senhor Bom
Jesus, no município de Pirapora do Bom Jesus, percorrendo, a pé, distância
total aproximada de 80 km para ida e volta.
O primeiro evento ocorreu em 1935, com 6 (seis) integrantes
e manteve-se ininterrupto até os dias de hoje, contando com aproximadamente 600
(seiscentos) integrantes nas últimas edições.
Tanto a partida quanto a chegada a Jundiaí, são
acompanhados por cerca de 2.500 pessoas entre familiares e simpatizantes, o que
tem dado ao evento, também, forte aspecto tradicional, social e cultural, estando
já oficialmente inserido no calendário religioso das Paróquias Nossa Senhora da
Conceição e Senhor Bom Jesus.
As entradas e saídas nas cidades de Jundiaí e Pirapora do
Bom Jesus são feitas em procissão e de forma organizada, entoando o hino da
Romaria (“Queremos Deus”) e recitando o Terço.
Na chegada a Pirapora do Bom Jesus, a Romaria é sempre
recepcionada pelo pároco local na entrada da cidade, o qual acompanha a
procissão até o Santuário.
Na chegada a Jundiaí a procissão é integrada, nas cercanias
da Matriz de Vila Arens, pela Banda São João Batista, que acompanha o cântico
do Hino da Romaria até a entrada na igreja, onde é recebida pelo pároco local.
Durante todo o trajeto, os romeiros são assistidos por
veículos e pessoal de apoio, inclusive com fornecimento constante de água, achocolatado,
café e frutas. Também é oferecido transporte àqueles que não conseguem
completar a jornada caminhando e assistência paramédica, com ambulância, para
eventualidades na área de saúde.
Durante a estada em Pirapora, os Romeiros são alojados em
todos os hotéis disponíveis, além do antigo Seminário, também cedido por seu administrador,
já que a hotelaria local não consegue hospedar sequer 1/3 da Romaria.
Toda a organização de apoio e estada é feita pela Comissão
Organizadora, não sendo necessária qualquer outra preocupação ou providência
por parte dos Romeiros, inclusive com o transporte da bagagem pessoal.
Por sua organização, seriedade e respeito aos bons costumes
por parte de todos os integrantes, a Romaria goza de excelente conceito não só
perante as autoridades eclesiásticas, mas também junto aos órgãos públicos,
comércio e à população em geral, tanto em Jundiaí quanto em Pirapora do Bom
Jesus.
OBJETIVOS
O evento tem por objetivos básicos
manter as tradições culturais cristãs, atrair pessoas de todas as idades para
os valores éticos e morais através da espiritualidade e reforçar a fé no cristianismo,
principalmente através da demonstração de fé, devoção, disciplina, respeito e
civilidade em todos os atos praticados, deixando o bom exemplo por onde passa.
Além dos objetivos básicos preocupa-se, também, com as
questões ambientais de total respeito à natureza, tanto no trajeto por áreas
urbanas quanto rurais, com as questões sociais, quando demandada, e, desde as
últimas edições, com questões de inclusão social de deficientes que manifestem o
desejo de participar do evento.
VALOR CULTURAL
Tem particular importância cultural,
tanto para Jundiaí quanto para os municípios adjacentes, já que muitos
participantes assíduos vêm de outras cidades e, eventualmente, outros Estados,
afluindo a Jundiaí apenas para este evento, que já há décadas integra o calendário
oficial de eventos das Paróquias Nossa Senhora da Conceição e Senhor Bom Jesus.
Desde os primórdios, esta Romaria busca seguir os mesmos
rituais historicamente aplicados a eventos desta natureza, que se iniciaram na
Roma antiga, sempre sob a égide dos ditames do cristianismo e da Igreja
Católica Apostólica Romana e em consonância com as autoridades eclesiásticas às
quais se subordina na Diocese de Jundiaí.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA – FATOS RELEVANTES
No ano de 1935, um grupo de 6 (seis)
amigos, frequentadores do Clube Primavera, ainda ativo em Jundiaí, decidiu
fazer uma caminhada até o Santuário do Senhor Bom Jesus, no município de Pirapora
do Bom Jesus, por motivos os mais diversos, desde simples curiosidade até
pagamento de promessa. Dessa forma, à meia-noite de uma sexta-feira do mês de
maio, encontraram-se defronte à residência de Francisco Iotti, um dos amigos e
idealizador, situada na av. São Paulo nº 273, na Vila Arens, e partiram para o
que passou para a história como a “Primeira Romaria de Pedestres de Vila Arens
a Pirapora do Bom Jesus”. A partir de então, o Sr. Francisco Iotti, maior
incentivador, tornar-se-ia figura proeminente e patrono da Romaria. No domingo
seguinte, após participar da confissão, missa e comunhão no Santuário do Senhor
Bom Jesus, o grupo retornou a Jundiaí, encerrando a caminhada no mesmo ponto de
onde partira na sexta-feira anterior.
Em 14 de maio de 1936, o grupo decidiu repetir a caminhada,
agora com 15 (quinze) participantes, que seguiram o mesmo ritual do ano
anterior, ou seja, ida e volta a pé, com participação na confissão, missa e
comunhão, tendo novamente como referência de início e término a residência do Sr.
Francisco Iotti. Assim como no ano anterior, foi escolhida a sexta–feira do mês
de maio com noite de lua cheia, para facilitar a visualização do caminho.
A partir de 1937, a Romaria passou a ser recebida, na
chegada a Pirapora do Bom Jesus, pelo vigário local.
Em 1940 foi criado o primeiro emblema usado pelos romeiros,
constituído por uma imagem do Senhor Bom Jesus com uma fita amarela.
Em 1943, com a primeira participação do romeiro Sr.
Francisco Figueiredo, a romaria passou a crescer não apenas em número de
integrantes, mas também em religiosidade, pois o Sr. Figueiredo incentivou e
introduziu vários ritos, até hoje praticados, principalmente a recitação do
Terço, cânticos e orações, realizados tanto na breve estada em Pirapora quanto
nos trajetos de ida e volta.
Em 1948 foi confeccionada a bandeira da Romaria, bordada à
mão pelas Irmãs de Campo Limpo, com donativos angariados por um romeiro nos
carros - restaurante da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, durante as viagens
do trem. A bandeira, cujo formato e desenho originais são até hoje mantidos
inalterados, segue sempre à frente dos romeiros na caminhada, além de cobrir a
urna funerária dos romeiros falecidos durante o velório, servindo tanto de conforto
espiritual quanto de motivo de orgulho
aos familiares do ente querido.
Em 1955 o emblema utilizado pelos romeiros foi substituído
por uma flâmula.
Em 03 de maio de 1971, alguns dias antes da 37ª edição da
Romaria, foi lavrada a primeira ata de reunião dos romeiros para a preparação
do evento. A decisão de efetuar registros formais adveio do crescente número de
participantes ano após ano. A Romaria já não era mais formada por um pequeno
grupo de amigos, mas, naquele ano, já contava com 212 integrantes. Pela
necessidade de maior preocupação com a organização e manutenção dos princípios
que regiam o movimento, decidiu-se, naquela reunião, constituir uma Comissão Organizadora
da Romaria. Por unanimidade, o fundador e maior entusiasta, Sr. Francisco
Iotti, foi aclamado como o primeiro presidente da Comissão, órgão que permanece
até os dias de hoje.
Em 18 de outubro de 1975, ano da 41ª edição, faleceu o Sr.
Francisco Iotti, idealizador, fundador, incentivador e, desde então, patrono da
Romaria, tendo seus filhos Sérgio e Rubens Iotti assumido a responsabilidade de
substituir seu pai em tão nobre missão. Neste mesmo ano, o ponto de referência
para partida passou, da casa do Sr. Francisco, nº 273, para o Açougue Iotti, nº
315 da av. São Paulo.
Em 1979 a Romaria recebeu a benção do Bispo da Diocese, D.
Gabriel Paulino Bueno Couto. A partir daquele ano, todos os Bispos em exercício
na Diocese de Jundiaí oficializam mensagens aos romeiros e, frequentemente,
comparecem a algum dos atos da Romaria.
Em 1981, por ocasião da 47ª edição, decidiu-se oficializar
o segundo final de semana do mês de maio, data comemorativa do Dia das Mães,
como a data re realização da Romaria. A decisão decorreu da crescente
dificuldade de hospedagem em Pirapora do Bom Jesus, tanto pelo elevado número
de romeiros quanto pelo afluxo de outras romarias que também aproveitavam a
noite de lua cheia, o que raramente acontecia no Dia das Mães. Assim a Romaria
passou, também, a homenagear as mães dos romeiros e sua santa representante,
Nossa Senhora, mãe de Jesus.
Em 1982, as acomodações oferecidas pelos hotéis e pousadas
de Pirapora do Bom Jesus já não mais comportavam o contingente da Romaria. Então,
por solicitação da Comissão e anuência de seus administradores, foi a Romaria
autorizada a utilizar as instalações do antigo Seminário, concessão esta que se
tornou permanente.
Em 1993, em sua 59ª edição, a Romaria já contava com 455
participantes. O sempre crescente número
de romeiros, além de familiares, amigos e simpatizantes que participavam da
saída, caminhada e chegada da Romaria, exigiu que se transferisse o local de
partida da Romaria para o pátio da igreja Matriz de Vila Arens, pois o grande
número de pessoas já não era mais comportado pelo local original, ou seja, av.
São Paulo. Além da mudança do local de saída, também se buscou o apoio dos
órgãos públicos de segurança e saúde, tanto para preservar a integridade de
todos no trajeto pelas áreas urbanas, quanto na assistência a eventuais
acidentes em todo o percurso. Para tanto a Romaria tem contado, sempre que
possível, com o apoio da Polícia Militar, Guarda Municipal, Setransp e
Secretaria da Saúde, tanto de Jundiaí quanto de Pirapora do Bom Jesus.
Em 1995, por ocasião da 61ª edição, os administradores do
Seminário abriram, pela primeira vez em sua história, as portas da Capela do
Seminário a uma Romaria, para os ritos de confissão, palestra, recitação do Terço
e ladainha, concessão apenas deferida em razão do histórico de elevados níveis
de fé, disciplina, respeito e organização demonstrados pelos romeiros em
Pirapora do Bom Jesus ao longo dos anos. Desde então, estes ritos passaram a
ocorrer naquele local.
Em 2009, ano da 75ª edição, a flâmula utilizada pelos
romeiros foi substituída por um crachá contendo várias informações pessoais,
inclusive médicas, para imediata identificação do romeiro. A alteração só foi
possível em razão da informatização dos procedimentos e controles da Romaria. O
uso da identificação pelos romeiros, na altura do peito e próximo ao coração, é
obrigatório durante todo o período de realização do evento.
Em 2014 foi trazida de Pirapora do Bom Jesus, pelos
romeiros, e entronada na Matriz de Vila Arens, onde permanece, uma imagem do Senhor
Bom Jesus, com a autorização e bênção pessoal do Bispo Diocesano, D. Vicente
Costa.
CRONOLOGIA E ATOS DO EVENTO
Mês de janeiro:
Na primeira semana, a Comissão inicia os procedimentos e
reuniões para organização e preparação do evento, atos estes que ocorrem até o
dia do evento, com a regularidade que se fizer necessária.
Mês de março:
Envio de carta a todos os romeiros cadastrados, contendo
seu histórico, dados pessoais e informações sobre a próxima Romaria,
convidando-o a participar do evento.
30 dias antes do evento:
Aberto o período de inscrição dos romeiros para o evento,
período este que se encerra no domingo anterior ao evento.
Sexta–feira do evento:
Saída às 22:00h. da igreja Matriz de Vila Arens, em
procissão e recitando o Terço,seguindo até próximo ao final da Av. Catorze de
Dezembro. Neste ponto ocorre uma queima de fogos e os romeiros são liberados da
procissão para a livre caminhada.
Sábado do evento:
Os romeiros que vão chegando a Pirapora do Bom Jesus recebem,
na entrada da cidade, alimento na forma de café, leite e pão com manteiga,
enquanto aguardam a chegada do último romeiro, também conhecido como
“fecha-porteira”.
Por volta das 7:00h., após a chegada dos últimos romeiros,
todos se reúnem para a foto dos participantes e, já com a presença do pároco
local, formam a procissão e entram na cidade, entoando o hino da Romaria, até o
interior do Santuário.
Após a acolhida oficial do pároco local e avisos da
Comissão Organizadora, os romeiros passam em visita à imagem do Senhor Bom Jesus
e seguem para as acomodações para repouso
Às 16:00h. a Romaria se reúne na Capela do Seminário para
ouvir palestra e participar da confissão e recitação do Terço e Ladainha a
Nossa Senhora. Após estes atos, os romeiros são liberados para jantar e repouso.
Domingo do evento:
Às 4:30h. é celebrada a missa, ponto culminante da Romaria,
no Santuário do Senhor Bom Jesus, com homenagem à representante das mães dos
Romeiros, missa esta, já há vários anos, transmitida ao vivo pela Rádio Cidade
de Jundiaí. Após a missa os Romeiros são dispensados para o café da manhã e
preparativos para o retorno a Jundiaí.
Às 06:30h. a Romaria deixa Pirapora em procissão, entoando
o hino da Romaria até a travessia da ponte sobre o rio Tietê e, a partir deste
ponto, recitando o Terço até a saída da área urbana, quando os romeiros são
liberados para a livre caminhada.
Ao chegarem em Jundiaí, os romeiros se concentram na Praça Dr.
Tito P. da Fonseca, na Av. Catorze de Dezembro, aguardando a chegada dos
últimos companheiros.
Às 15:00h. a Romaria parte, em procissão, em direção à
Matriz de Vila Arens, recitando o Terço. Todo este trajeto é presenciado por
inúmeros populares nas calçadas e prédios circunvizinhos.
Ao chegar na rua General Carneiro, cercanias da Matriz, a
procissão é recebida e integrada pela Banda São João Batista, que passa a
executar o hino da Romaria, entoado pelos romeiros.
Às 16:00h. no interior da Matriz, a Romaria é recepcionada
pelo pároco e, por vezes, pelo Bispo Diocesano.
Após a recepção, são homenageados os romeiros que completam
25, 50 e 75 anos de participação na Romaria, além da Sra. Angelina Iotti, viúva
do patrono Sr. Francisco Iotti e madrinha da Romaria.
Concluídas as homenagens, todos os romeiros são convidados
a participar da reunião da Comissão Organizadora para finalização da Romaria e,
então, encerra-se oficialmente a Romaria daquele ano.